omando, então, a palavra, disse o homem:
—
Vinte anos que o burro não quis, vinte que o cão enjeitou, vinte que o macaco
recusa, dai-me os, Senhor, que trinta anos é muito pouco para o rei dos
animais.
—
Queres? Respondeu o Criador. Viverás, assim noventa anos, mas com uma condição.
Cumprirás, em tua vida, não só o teu destino, mas também o do burro, o do cão e
o do macaco.
E
assim o homem vive. Até os vinte, forte, corajoso, resistente, arrasta perigos
e estorvos, luta com resolução, vence e dorme. É HOMEM.
Dos trinta aos cinquenta, tem família e
trabalha sem repouso para sustentá-la. Cria os filhos, afadiga-se para
educá-los e garantir-lhes o futuro. Sobre ele se acumulam os encargos. É
BURRO.
Dos cinquenta aos setenta, está de
sentinela à família. Dedicado e dócil, seu dever é defendê-la, mas já não pode,
contudo, fazer valer a sua vontade. Contrariado, humilha-se e obedece. É
CÃO.
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